A Bolsa brasileira apresentou forte queda nesta segunda-feira enquanto o dólar alcançou sua maior cotação desde março. O movimento negativo acompanhou o pessimismo visto no exterior com as preocupações dos investidores sobre a disseminação da variante Ômicron.
O Ibovespa, principal índice da B3, teve queda de 2,03%, aos 105.019 pontos. A moeda americana, por sua vez, subiu 1%, negociada a R$ 5,7410. Este é o maior nível de fechamento da divisa desde o dia 30 de março, quando terminou cotada em R$ 5,7613.
Os ativos também refletiram os receios a respeito da discussão para o Orçamento para 2022 no Congresso, com pressão para o reajuste de servidores. As taxas de juros futuros se ajustaram em queda, influenciadas pelos temores com relação à retomada da atividade econômica. A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 caiu de 11,80% no ajuste anterior para 11,54% e a do DI para janeiro de 2024 cedeu de 11,10% para 10,84%.
A do DI para janeiro de 2025 passou de 10,76% para 10,535% e e a do DI para janeiro de 2027 teve queda para 10,48% ante os 10,62% da leitura anterior. Na Europa, onde a disseminação da variante vem acelerando, a Holanda decretou uma nova quarentena nesse domingo, com o fechamento de escolas, universidades, bares e outros estabelecimentos não essenciais.
Medidas restritivas também já foram adotadas em outros países. Nos Estados Unidos, o governo alertou para uma possibilidade de alta nas infecções por causa das festividades de fim de ano. O receio dos investidores é que novas medidas restritivas possam prejudicar a retomada econômica, além de piorar as sequelas já deixadas pela pandemia, como as interrupções na cadeia de suprimentos e o desequilíbrio entre oferta e demanda.
E como já conhecem os danos que a pandemia pode causar à pandemia, eles preferem se posicionar em ativos com maior segurança, gerando perdas nos mercados acionários.
Medidas restritivas e revés de Biden
Para o sócio da Monte Bravo Investimentos, Rodrigo Franchini, além da nova variante, as dificuldades enfrentadas pelo presidente americano Joe Biden para aprovar sua agenda econômica contribuem para o mau-humor nos mercados.
Ontem, o senador democrata Joe Manchin afirmou que não apoiará o projeto do presidente Biden de US$ 1,75 trilhão voltados para a melhoria da rede de proteção social americana e o combate à mudança climática.
O posicionamento de Manchin é importante, pois democratas e republicanos dividem as cadeiras no Congresso meio a meio. “A principal preocupação dos investidores são as novas medidas de restrições. Alguns outros fatores impulsionaram essa sensibilidade, como o revés de agenda econômica do presidente Joe Biden.”
O banco Goldman Sachs, inclusive, voltou a cortar a previsão de crescimento econômico dos EUA em 2022, citando justamente o posicionamento do senador. A projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA foi reduzida de 3% para 2% no primeiro trimestre de 2022, para 3%, de 3,5%, para o segundo trimestre, e para 2,75%, de 3% no terceiro.
Vale lembrar que os temores em relação à Ômicron ocorrem em um momento em que vários banco centrais pelo mundo deram sinalizações de aperto na política monetária para o próximo ano, com destaque para o americano.
“É uma soma de fatores. O mundo está preocupado com novas restrições de transporte, de pessoas não poderem se locomover e também com o crescimento global. Esse pacote (do Biden) é importante para a reaceleração da economia. Com a possibilidade de não aprovação, isso pesou nos mercados e deve continuar nos próximos dias”, destaca o sócio-fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa.
No cenário interno, os agentes de mercado ainda repercutem as novas projeções do Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo BC. Pela segunda semana consecutiva, os analistas do mercado projetam uma inflação menor para o fim deste ano.
A estimativa para a inflação caiu de 10,05% para 10,04%. Para o término de 2022, a expectativa foi elevada de 5,02% para 5,03%, acima do teto da meta de 5%. No caso da taxa básica de juros, a projeção continuou em 11,50% no final de 2022 e em 8% no fim de 2023.
Quedas nos Estados Unidos e na Europa
As bolsas americanas fecharam com baixas. O índice Dow Jones cedeu 1,23% e o S&P, 1,1%4. A Bolsa de Nasdaq teve queda de 1,24%. Na Europa, as bolsas fecharam com queda. A Bolsa de Londres cedeu 0,99% e a de Frankfurt, 1,88%. A Bolsa de Paris caiu 0,82%.
As bolsas asiáticas fecharam em queda. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, cedeu 2,13%. Em Hong Kong, houve baixa de 1,93% e, na China, de 1,07%.
No continente, o destaque também vai para a decisão do Banco Central chinês de cortar a taxa referencial de juros pela primeira vez desde abril de 2020 em mais um sinal de afrouxamento da política monetária diante de um cenário de crescimento menor.
“Isso vem sendo pedido pelos próprios investidores e pela economia chinesa como um todo por conta da repressão do setor imobiliário, que pesa sobre a expansão econômica. Na hora que você diminui as taxas de juros, significa que você quer estimular. Pode parecer pouco, mas é um movimento significativo.”
Petrobras e Vale caem
Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) cederam 1,92% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 2,86%. As ordinárias da Vale (VALE3) caíram 1,12% e as da Siderurgica Nacional (CSNA3), 6,91%. As preferenciais da Usiminas (USIM5) cederam 5,60%.
No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tiveram quedas de 1,54% e 2,07%, respectivamente. Na ponta negativa, destaque para empresas aéreas e do setor de turimso. As preferenciais da Gol (GOLL4) caíram 4,24% e as da Azul (AZUL4), 3,58%. As ordinárias da CVC (CVCB3) tiveram queda de 8,76%.
Petróleo cai
Os temores sobre os efeitos da Ômicron em relação à atividade econômica tambem afetaram os preços do petróelo. O contrato para fevereiro do petróleo tipo Brent cedeu 2,05%, negociado a US$ 68,23, o barril. Já o contrato do tipo WTI para janeiro caiu 3,71%, negociado a US$ 66,56.
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